segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O TEMPLO DE DEUS

O TEMPLO PARA O NOVO TEMPO -por Oliveira Fidelis Filho -


Ouço pessoas dizendo que vão à igreja (templo) não por causa das pessoas
que lá se encontram mas para servir a Deus. Interessante, pois para
servir a Deus não precisamos ir ao templo.

Jesus, o Cristo, não se interessava pelo templo de Jerusalém como também
não se impressionava pela Jerusalém de seu tempo mais que por Samaria ou
qualquer outra cidade ou vilarejo.

O exercício de Sua espiritualidade não se atrelava à religiosidade. Sua
adoração era fruto de desconstruções mais do que construções. Ele não
desafiava Seus seguidores a construir templos e sim reconstruir suas
próprias vidas. Quando chamaram Sua atenção para a imponência do templo
construído por Herodes, sua profecia visou à destruição do mesmo. Sabia
que as ordens contra a liberdade e os impulsos de Vida partiriam do
templo.

Em contato com os líderes religiosos, o que o impressionava não era a
teologia, a doutrina, o discurso, a tradição, os sacrifícios, os ritos,
a liturgia e, sim, a hipocrisia dos Fariseus, a cegueira patrocinada e
perpetuada pela religião, a escravidão duplamente implementada, a
espoliação praticada, a maldade legalizada e travestida de piedade.

Não se prendia a usos e costumes e nem aos costumes em uso. Sua piedade
e pureza germinavam do coração antes de florescer e frutificar. O
compromisso de amor era com as pessoas a quem Ele encontrava e abençoava
onde o encontro acontecesse. Sua verdade libertadora emanava da Fé
mística, geradora de Esperança - sempre! Sua liturgia era interativa e
dinâmica, processava-se no meio do povo e para o povo, rica de atos de
compaixão, misericórdia, bondade, acolhimento oriundo do Amor.

Pela herança cristã, convivi e me envolvi com vários templos, quer
freqüentando, construindo ou reformando. Viajando por este mundo,
adentrei em templos cristãos (evangélicos, anglicanos e católicos),
muçulmanos, budistas etc. Em alguns orei, em outros meditei ou
"simplesmente" silenciei.

De uns temos para cá, passei a freqüentar mais assiduamente um templo
com o qual tenho me surpreendido. Sinto-me cada vez mais acolhido,
amado, harmonizado, em paz, além de mais saudável emocionalmente,
mentalmente, fisicamente e com muito mais flexibilidade nos
relacionamentos.

Neste templo, exerço funções simples mas de suma importância, tais como
Porteiro, Faxineiro e Adorador.
Como porteiro, cabe-me cuidar do que entra e do que sai. Nem sempre é
possível evitar a entrada de sujeitos mal intencionadoscom potencial de
criar situações desagradáveis.

O templo possui cinco portas mais perceptíveis, delas duas exigem muita
atenção. Controlar o que entra, significa muito para manter a harmonia
interior. Quando entram sujeitos desagradáveis busco Sabedoria para
converter os desagradáveis em agradáveis, de tal forma que ao deixarem o
templo, saiam transformados e com poder de abençoar. Ao conseguir tal
objetivo percebo-me como que servido por anjos.

Para exercer a função de porteiro observo a orientação de Jesus que é
mais ou menos assim: "não é o que entra que causa problema e sim o que
sai", ou, parafraseando: não é o que entra, mas como sai. Esforço-me,
portanto, para que o sujeito, ao sair do templo, saia transformado,
iluminado, banhado de amor e acrescido em sabedoria.Como faxineiro, o
desafio é manter o interior do templo o mais limpo possível. Não
obstante gostar de cuidar do exterior, sei que é a limpeza do interior o
mais importante, por isso passo bom tempo cuidando do interior. Enquanto
trabalho, procuro deixar as janelas abertas para que seja aquecido e
iluminado pelo Sol e para que o Vento mantenha no interior o ar sempre
renovado, leve e agradável.

Para melhor exercer a função de faxineiro, observo a orientação de Jesus
que é mais ou menos assim: "Digno de minha felicitação é o que limpa o
coração, pois assim fica fácil ver Deus". Alegra-me perceber o interior
iluminado e limpo, sem sombras ou sujeiras. Quanto mais limpo o interior
mais fácil fica para mim - e para os outros - ver e sentir a presença
de Deus.
Como adorador, confesso que só me sinto confortável quando exerço bem as
funções de porteiro e faxineiro. Então, percebo a presença de Deus
enchendo todo o templo. Quando isso acontece, a adoração é natural,
verdadeira, desejável e muito prazerosa. O interior do templo fica
iluminado, o que pode ser visto até do lado de fora. Sinto-me pleno do
Espírito Santo, acolhido e amado por Deus, e nutrido pela presença
Crística.

Neste templo sagrado me encontro com Deus, recolho-me ao silêncio,
harmonizo mente e coração e, ao meditar, sinto-me diluído no Eterno
Mistério que com intimidade amorosa chamo de Pai Nosso.

É neste templo que me abandono em contemplação, encantamento e elevação,
que ressignifico minha história, que encontro minha alma e a ouço falar
a partir do Santo dos Santos situado no meu coração. É neste templo
sagrado que encontro comigo e adquiro sabedoria para eliminar os
desencontros com o próximo e suavizar os percalços da vida.

Para melhor exercer a função de adorador procuro observar a orientação
de Jesus quando disse que os "verdadeiros adoradores adorariam ao Pai em
espírito e em verdade", e que para sermos encontrados por Deus como
verdadeiros adoradores não dependeríamos de lugares específicos ou
fatores externos.

O refúgio que encontrei, onde exerço as funções de porteiro, faxineiro e
adorador é o do templo do Grande Espírito, morada de Deus e de minha
essência. Falo do meu corpo, que cuido de forma mais apaixonada desde
que percebi que ele abriga tudo o que de Deus posso sentir e conhecer. É
o meu templo sagrado onde estou todos os dias da minha vida e com o
beneficio de poder levá-lo comigo onde quer que eu vá.

Lembre-se: "Dentro de você há um silêncio e um santuário para onde você
pode fugir a qualquer hora e ser você mesmo." Hermann Hesse.

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