quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vivendo sob pressão

Por quê? ou Para quê? Eis a questão
Igreja Batista lagoinha


A pressão é uma força agindo ininterruptamente na vida do crente, comprimindo-o ou apertando-o através das circunstâncias. Quando falamos de pressão, estamos nos referindo àquelas situações de angústia, frustração e sofrimento, causadas por tribulações, perdas, adversidades ou quaisquer outros conflitos e desafio da vida.


As fontes dessas pressões são diversas. Muitas são causadas pelo diabo, outras são produzidas pelo pecado que nos assedia, e muitas são geradas pelas pessoas e pelo próprio ambiente onde vivemos. Na verdade, as pressões são uma das estratégias mais eficazes de satanás para obrigar o crente a desistir de seus objetivos.
Há vários tipos de pressões: as sutis em forma de conselhos bem intencionados; as astuciosas em forma de propostas vantajosas e condescendentes; e as ostensivas em forma de repressão. De um modo geral, as próprias circunstâncias da vida também exercem sobre nós seu poder de pressão. Aqueles que fazem a obra de Deus sabem que a obra, em si mesma, é uma fonte de inúmeras pressões. Independente de sua origem, sabemos que Deus permite que elas nos persigam, principalmente por três motivos:


A pressão mostra quem nós somos
Em primeiro lugar, a pressão mostra a nossa própria realidade. Somente podemos conhecer melhor uma pessoa quando ela está vivendo sob pressão. Não se pode avaliar alguém em dia de festa, mas, com certeza, as atitudes e reações de uma pessoa serão mais bem avaliadas diante das adversidades. Muitos, na aparência, são espirituais e firmes quando tudo vai bem; mas, quando pressionadas, essas pessoas nos surpreendem com suas atitudes.
A atitude do mundo é revelar e justificar uma ação feita debaixo de pressão. Todavia, a postura de Deus é exatamente o contrário. Deus deseja conhecer-nos justamente no meio da pressão. As palavras que falamos festivamente têm pouco valor para Deus. O que Ele aprecia ouvir mesmo é o que falamos de cabeça quente. Não é tremendo isso? É quando esquentamos a cabeça, apelamos ou perdemos as estribeiras, que mostramos a nossa realidade.
Em I Coríntios 3.12-13, Paulo nos diz que a Casa de Deus, que somos nós, pode ser edificada com seis tipos diferentes de materiais: ouro, prata, pedras preciosas, madeira, palha e feno. Esses materiais não somente se referem às nossas obras, mas também a nós mesmos. Muitos de nós temos a realidade do ouro, da prata e das pedras preciosas; outros, porém, são como madeira, palha e feno. A Palavra de Deus nos diz que há um fogo que vem para testar a nossa realidade. Esse fogo é o fogo da pressão. Tal fogo apenas realça o ouro e a prata, tornando-os ainda mais puros.
Todavia, aqueles que são semelhantes à madeira, à palha e ao feno não são capazes de resistir à pressão do fogo. Eles são completamente consumidos. É interessante observar que Deus não olha para a quantidade, e sim para a qualidade. Mesmo em menor quantidade, o ouro é mais precioso que muita palha e feno. O fogo é o grande teste na vida do crente. Na verdade, o fogo testa o nosso valor espiritual.
Muitas vezes, para sarar uma ferida, o médico tem de espremê-la. Deus também permite-nos passar pela prova do fogo para mostrar a nossa realidade espiritual. A grande lição que um homem de Deus deve aprender é esta: saber como lidar com a pressão.


A pressão produz realidade
Mas a pressão não possui somente o poder de mostrar o que somos; ela também pode gerar realidade onde antes não existia. Podemos usar o carvão e o diamante como exemplos. A composição química do diamante é a mesma do carvão mineral ambos são compostos de carbono. O que os torna diferentes é o fato de que o diamante foi submetido a altas pressões e temperaturas durante um longo tempo, e isto mudou a sua consistência. A mesma coisa acontece com os crentes. Muitos podem possuir a mesma composição espiritual, mas apresentam realidades diferentes.
É a combinação desses três elementos fogo, pressão e tempo que produz uma mudança tão radical. Deus desejou infundir em nós a sua natureza de diamante. Recebemos sua natureza, pois somos seus filhos. Todavia, assim como o carvão e o diamante possuem a mesma natureza, mas realidades diferentes, dá-se o mesmo entre nós e o Senhor: somos filhos dEle, mas falta-nos a mesma realidade que Ele possui. Deus, então, permite-nos passar por muitas pressões, durante um longo tempo, a fim de que esse carvão torne-se diamante. Deus usa a pressão para nos transformar. Em outras palavras: é o nosso próprio processo de crescimento. Não há crescimento em Deus, sem o fogo e a pressão.
As pessoas tornam-se diferentes, depois de um período de provas e tribulações. Não há ninguém que continue o mesmo depois de encarar a morte de frente. Não podemos subestimar o poder das pressões em nossas vidas.
Portanto, Deus permite a pressão em nossas vidas, tanto para mostrar-nos a nossa própria realidade espiritual quanto para produzir a realidade por Ele desejada.


A pressão produz poder
Existe uma íntima relação entre pressão e poder. Muitos de nós temos buscado o poder de Deus, mas não entendemos que o poder é o resultado da pressão. Muitos têm pedido poder a Deus, mas não sabem o que realmente estão pedindo. Em resposta, Deus lhe enviará mais pressão para produzir poder. Tomemos como exemplo as leis da natureza. Se levarmos uma panela com água ao fogo, no final, produzirá vapor. Se a panela estiver destampada, o vapor escapará, não terá para nós utilidade alguma. Entretanto, se tamparmos a panela, o vapor será contido e, depois de algum tempo, produzirá uma grande pressão. Finalmente, a pressão libera o poder para cozinhar qualquer alimento dentro da panela.
Esse mesmo princípio produz a energia ou poder que move quase todos os tipos de motores utilizados em carros, trens e navios. Todos eles são movidos pelo poder que vem sob a forma de pressão. Então, o poder é proporcional à pressão. Quanto mais pressão, mais poder; quanto menos pressão, menos poder.
Deus quer que conheçamos o Seu poder; por isso, Ele permite que sejamos expostos às pressões. O problema é que muitos de nós somos como a panela sem tampa sobre o fogo, a qual não produz pressão alguma. Aprendemos a conviver com as lutas e tribulações de tal forma, que não sentimos a força da pressão sobre nós. Esse é o motivo por que muitos não têm provado do poder de Deus em suas vidas.
É preciso tampar a panela. E como fazemos isso? Quando nos recusamos a conviver com determinadas circunstâncias. Como foi dito, as pressões vêm de muitas fontes: do inimigo, das circunstâncias, do pecado, das enfermidades e mesmo da obra de Deus. Em todas elas, Deus quer que conheçamos o poder da Sua ressurreição. Suponha que você esteja desempregado. Se você é como uma panela destampada, simplesmente se prostrará e se resignará diante dessa situação. O fogo veio, mas não produziu pressão alguma. Todas as vezes que nos resignamos e deixamos de orar, nada mais somos do que uma panela destampada.
Suponha, porém, que nessa mesma situação você se levante e diga: Eu não aceitarei ficar desempregado! Deus prometeu que eu comerei do trabalho de minhas mãos. Eu vou encontrar um emprego. Nessa situação, você ora uma vez, e nada parece acontecer. Você ora uma segunda vez, com uma pressão interior maior, e ainda nada acontece. Na terceira vez, você nem ora; ao contrário, berra e grita com um clamor da alma. Veja: a pressão está aumentando e o poder da oração também. Na quarta vez, você simplesmente geme diante de Deus assim como fez Ana, embriagada nas próprias lágrimas (I Sm 1). Quanto mais o tempo passar, maior será a pressão interior e também maior será o seu poder na oração.
Você entendeu agora por que a oração de muitas pessoas é completamente ineficaz Porque são destituídas de poder. Não foram geradas por uma necessidade, uma pressão interior. O primeiro princípio da oração respondida é exatamente este: necessidade. Se realmente necessitamos de algo e nos recusamos a viver sem aquilo, então oramos. Nesse nível, só nos resta esta alternativa: ser uma panela tampada que produz pressão e poder.
Há uma relação proporcional entre o poder e a pressão. Se desejarmos o poder, é necessário que saibamos lidar com a pressão. Não há poder sem uma pressão equivalente.
Vejamos como a pressão produz o poder de Deus em diversas circunstâncias de nossas vidas.


Situações de pressão
1. A pressão para vencer o pecado (Rm 8.1-2)
Muitos de nós aprendemos a conviver com o pecado em nossas vidas. Somente experimentamos libertação, se o desejo de libertação produzir uma pressão tal que o poder da oração seja liberado. Alguém que tem problemas com a ira, por exemplo, depois de definir que não vai mais aceitar esse pecado em sua vida, começa então a orar. No início, as orações serão em um tom moderado, mas depois de algum tempo, em forte clamor, com lágrimas e, então, o poder se manifestará. Precisamos ter uma atitude semelhante em relação a cada pecado. Muitos irmãos não experimentaram ainda uma vitória completa, porque não chegaram a esse nível de insatisfação e de pressão interior por mudança.


2. A pressão das necessidades
A pressão faz com que a oração seja poderosa. Quando buscamos algo com muito empenho não descansamos até receber a resposta. Isto é poder canalizado. O primeiro princípio da oração não se firma na fé, nem em alguma promessa da Palavra, mas na necessidade (Ex 32.32 e Rm 9.3). Não se conforme com a sua condição de vida, se Deus tem prometido algo melhor para você. Mas lembre-se de que Deus somente lhe dará aquilo que você realmente quer. Esse querer, gerado pela necessidade, gera uma grande pressão e poder na oração. Não se conforme com menos do que o melhor de Deus. Lembre-se de que Deus tem permitido essa tribulação para que você possa conhecê-Lo como Jeová Jiré, o Senhor Provedor.


3. A pressão das circunstâncias
Existe uma manifestação na Bíblia, conhecida como o poder da ressurreição (Fl 3.10). O que vem a ser esse poder? Uma ilustração nos permitirá entendê-lo melhor. Suponhamos que você, antes de tornar-se cristã, era uma pessoa conhecida e elogiada pela paciência com que enfrentava as vicissitudes da vida. De repente, então, você se converteu e, justamente agora, a sua paciência se esgotou. Você começa a orar para obter paciência. Em resposta à sua oração, Deus permite que venham situações adversas sobre você, justamente nas áreas onde a sua paciência se esgota, para capacitá-lo a tornar-se paciente. A paciência que você demonstrava anteriormente era natural. Esta agora, é espiritual. Veio da ressurreição. É fruto de uma crise entre você e Deus, regada com lágrimas e clamor.
A pressão é importante para podermos experimentar o poder da ressurreição do Senhor. Muitos de nós trazemos coisas naturais para a vida com Deus. O Senhor, então, permitirá que nos sobrevenham muitas pressões para que essas virtudes naturais cessem e alcancemos aquelas que vem do Espírito.


4. A pressão da obra de Deus
Muitos obreiros não são bem sucedidos na obra de Deus porque não conhecem o poder das lágrimas que fluem da pressão. A obra de Deus é regada com muitas lágrimas. Paulo serviu a Deus com lágrimas, e esta é também a forma como devemos servir ao Senhor hoje. Se a pressão interior por unção, revelação ou poder na vida da Igreja forem suficientemente grandes, isso vai produzir uma pressão em alta escala. As orações que fluirão dessa pressão serão carregadas de poder e detonarão o mover de Deus.


5. A pressão do inimigo
O que precisamos hoje, na vida da Igreja, é de gente que tenha um profundo desejo de ver as obras do diabo desfeitas. Quando o inimigo vier, como torrentes de águas, deixe fluir de você mesmo um clamor carregado de ânsia, zelo e necessidade. Não seja como uma panela destampada, que deixa escapar o vapor. Não olhe para as obras do diabo, sem sentir antes uma profunda indignação. E essa indignação, canalizada na oração, detonará a dinamite do poder e da vingança do nosso Deus.

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